Arte: Átila Bezerra

Arquiteta acredita que as normas estão sendo mais aplicadas

10/10/2011 Destaques, Notícias 0
Arte: Átila Bezerra

Arte: Átila Bezerra

Sem Barreiras entrevistou, por e-mail, a arquiteta e professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Zilsa Maria Pinto Santiago, sobre a formação dos futuros arquitetos na cidade e sobre a abordagem, em sala de aula, de temas como acessibilidade, cidadania e a relação entre a aplicação das normas técnicas da ABNT e as exigências do mercado imobiliário atual. Zilsa Santiago ministra as disciplinas Desenho Arquitetônico 1 (DA1) e Prática Profissional, além de ser membro do Grupo de Trabalho da Secretaria de Acessibilidade UFC inclui desde 2010. O texto é da jornalista Régia Honório. Acompanhe.

Como é abordado o tema acessibilidade no curso de Arquitetura e Urbanismo hoje?
Apesar da Norma Brasileira existir desde 1985, só a partir de 2001 a temática da Acessibilidade veio a ser colocada em pauta, e com o Decreto 5296/2004, por motivo de força maior, torna-se obrigatório o ensino e a prática das condições de acessibilidade no espaço construído.

Como é a receptividade dos alunos em relação ao tema? Há muito ou pouco interesse no assunto?
Os alunos que desenvolvem um trabalho mais efetivo, como Projeto de extensão, vivenciam mais a prática, portanto, se aproximam mais destas questões e utilizam com mais naturalidade. Não há desinteresse; há, por vezes, desinformação da necessidade.

Qual o papel do professor na abordagem deste tema?
Fazer com que os alunos compreendam as necessidades legais sobre o assunto e equilibrar a incorporação de elementos acessíveis com a boa arquitetura.

A senhora acha que a abordagem atual na Universidade é suficiente para que os futuros profissionais estejam preparados para aplicar normas de acessibilidade ao mercado?
Esta abordagem começou há muito pouco tempo. A Secretaria de Acessibilidade UFC Inclui foi criada em 2010, por isso, considero que estamos começando a incorporar novos princípios, mas vai ser preciso um tempo de maturação e construção de uma cultura de inclusão para que este assunto venha a se tornar natural e entendido por muitos.

O assunto acessibilidade não permeia apenas por normas e técnicas, mas também princípios de cidadania. A senhora acha que há uma lacuna nas universidades no papel de conscientizar o profissional em relação aos direitos dos deficientes enquanto cidadãos ou não há necessidade de discutir cidadania em sala de aula?
Como já falei sobre a Secretaria de Acessibilidade UFC Inclui, ela foi criada neste sentido, na tentativa de iniciar um trabalho de envolver a todos no sentido de uma transformação para uma cultura inclusiva nos vários campos de ação: nos métodos pedagógicos, nas atitudes, além do conhecimento técnico e das normas.

Há necessidade dos cursos de Arquitetura e Urbanismo terem uma disciplina específica sobre acessibilidade?
Em minha opinião, deve ter sim. Uma disciplina que trate especificamente desta questão, em detalhes, mesmo que nas outras disciplinas se tenha algum ponto que já trate disso.

A Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT) criou, em 1985, a NBR 9050 (atualizada em 2004) sobre acessibilidade. Essa norma é estudada nas disciplinas que abordam o tema?
Sim, não só esta como muitas outras que envolvem a acessibilidade no espaço construído.

Com o crescimento da população urbana, há uma tendência no mercado imobiliário de se construir habitações cada vez menores. O arquiteto que sai da universidade tem condições de adaptar essa nova moradia às necessidades dos deficientes ou essa tendência é um fator limitante para o profissional em relação à acessibilidade?
Não se trata de uma questão limitante, trata-se de um atendimento a uma Lei Federal, portanto, tem que de alguma forma ser resolvido de forma satisfatória.

Mesmo com a existência de disciplinas que abordam o assunto, constatamos muitos projetos que não apresentam características compatíveis à acessibilidade. A senhora acha que há um descaso em relação a essa parcela da população? De quem é a culpa?
Acho que não se devem procurar culpados, nossas cidades estão cheias de problemas de toda ordem, a falta de acessibilidade é um deles. Penso que a cada dia que passa, o profissional preocupado em resolver de forma mais adequada as necessidades de um público/cliente seja ele pessoa com deficiência, vai se destacar no mercado por oferecer melhores condições de solução.

A aplicação das normas e técnicas de acessibilidade no mercado tem aumentado, diminuído ou se mantido estável nos últimos anos?
É visível o aumento da aplicação das normas, veja na televisão, nas ruas; há seis anos, não tínhamos quase nada do que temos hoje em termos de sinalização, rampas, vagas reservadas, plataformas verticais e outros.

A idéia do Desenho Universal é criar ambientes acessíveis a qualquer pessoa, seja ela deficiente ou não. É possível essa idéia ser aplicada nos projetos dos nossos profissionais ou ainda é uma utopia para a nossa realidade?
Não é utopia não, cada vez mais a população de um modo geral fica mais exigente em termos de produtos que lhe dê conforto e comodidade, assim, os princípios do desenho universal contribuem para isso. Um exemplo simples é o uso de controle remoto para TV, todos usam, independente de serem ou não pessoas que não podem se locomover para mudar um canal de TV.

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