Atleta sem a mão e o braço disputa Jogos Olímpicos

31/07/2012 Notícias 0
Polonesa Natalia Partyka durante os Jogos Olímpicos

Polonesa Natalia Partyka durante os Jogos Olímpicos

Os Jogos Olímpicos de Londres deste ano duraram apenas dois dias para a polonesa Natalia Partyka. Após vencer a dinamarquesa Mie Skov, por 4 sets a 3, foi eliminada do torneio de tênis de mesa simples feminino no domingo, com a derrota para Jie Li, da Holanda, por 4 sets a 2. No entanto, seu nome está marcado na história dos Jogos Olímpicos e será lembrado para sempre por um motivo especial: a atleta nasceu sem a mão e parte do braço direito. Além dela, o velocista sul-africano Oscar Pistorius também irá competir nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos deste ano.

Natalia nasceu em Pomeranian Voivodeship, província de Gdansk, na Polônia, em 27 de julho de 1989, portanto completou 23 anos no dia da abertura dos Jogos. Sua carreira tem se desenvolvido em competições paraolímpicas. Sua primeira conquista ocorreu em 1999, quando venceu o campeonato mundial para atletas com deficiência. No ano seguinte, nas Paraolimpíadas de Sydney, ela não conseguiu medalhas, mas, em 2004, em Atlanta, foi medalha de ouro em simples e prata, na disputa por equipes. Neste mesmo ano, conquistou duas medalhas de ouro Campeonato Europeu para Cadetes, organizado pela Federação Internacional de Tênis de Mesa. A seguir, um trecho da entrevista concedida por ela ao site oficial da Federação Internacional de Tênis de Mesa, às vésperas do Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008 (tradução livre).

Quando e como você descobriu o tênis de mesa?
Eu comecei a jogar tênis de mesa quando tinha 7 anos. Eu tenho uma irmã mais velha e ela descobriu tênis de mesa primeiro. Claro que eu queria fazer o mesmo que minha irmã e comecei a praticar também. Por muito tempo, treinamos juntas, no mesmo clube. Eu tive grande motivação para trabalhar duro, porque Sandra estava jogando muito melhor no início. Eu queria vence-la, então eu treinei muito.

Pequim será sua terceira participação em Jogos Paraolímpicos. Em Sydney, você tinha 11 anos e era a mais jovem atleta dos jogos, mas você foi capaz de vencer 2 jogos. Quais são suas melhores lembranças no tênis de mesa (TT)? E, opcionalmente, as piores?
Primeira vez que joguei em Sydney, eu não lembro que eu ganhei duas partidas. É uma boa notícia porque eu pensei que que nao tinha ganho nada (risos). Mas, em Sydney, eu era muito jovem, talvez tenha jogado bem, mas não o suficiente para fazer frente aos outros jogadores. Eu tenho muitas memórias agradáveis e desagradáveis em TT. É difícil escolher o melhor e o pior. Provavelmente o melhor que eu tenho são torneios que ganhei ou partidas que eu joguei bem. Por exemplo, posso escolher o Campeonato Europeu da Juventude de 2004. Ganhei medalha de ouro em simples. Foi um torneio longo, duro, cansativo, muitos jogos próximos, então realmente eu fiquei muito feliz e um pouco surpresa por ter ganho. Também nos Jogos Paraolímpicos de Atenas ou no último Campeonato Mundial na China, quando ganhei da Li Jia Wei, de Singapura. Ela era o número 8 no ranking mundial, agora ela está em 6º lugar, eu acho. Por isso, é sucesso muito grande, eu nunca tinha vencido um grande jogador, então tenho certeza que eu vou lembrar disso por muito tempo.
Todas as derrotas são desagradáveis, mas no esporte elas são inevitáveis. Na minha opinião, são importantes porque você está aprendendo muito e às vezes elas te mostram um outro lado de tênis de mesa. Às vezes, elas podem abrir seus olhos e ajudar a voltar à boa forma. Quando eu perco algum jogo, é claro que fico com raiva, mas penso no que eu fiz de errado, sobre meus erros e também sobre boas bolas, faço análise e tento esquecer e me concentrar no próximo jogo e próximo torneio.

Você vê alguma diferença no jogo em termos táticos no tênis de mesa paraolímpico e olímpico?
São um pouco diferentes. É diferente porque os jogadores com deficiência têm que pensar mais e encontrar uma boa maneira de ganhar um ponto já que muitos deles não podem se mover tão rápido. Por exemplo, quando estou jogando no Pro Tour, sei que eu tenho que estar bem preparada porque o jogo é muito rápido, muito forte, dinâmico e variado. É um pouco difícil para mim jogar no paraolímpico porque eu estou acostumada a jogar rápido e forte, e lá, muitas vezes é impossível jogar assim.

O que você faz quando você não está jogando TT?
Quando eu não estou jogando tênis de mesa eu não faço nada (risos). Quase o tempo todo, eu estou jogando TT. No final de abril, terminei o colegial e tenho agora mais tempo para descansar entre os treinos. Eu treino duas vezes por dia. Agora, quando eu não tenho escola e estou me preparando para os Jogos Paraolímpicos, posso praticar um pouco mais, algo em torno de 6 horas. Então, realmente eu não tenho muito tempo livre. Em outubro, eu quero começar a estudar, mas eu não sei exatamente o quê. Talvez Psicologia ou Educação Física.

Os Jogos Paraolímpicos de Londres serão disputados de 29 de agosto a 9 de setembro e Sem Barreiras irá publicar um especial sobre a história dos Jogos, as modalidades e a participação brasileira.

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