Cearenses são medalhistas nos Jogos Parapan de Lima

David de Andrade conquistou medalha de prata no tênis de mesa nos Jogos Parapan de Lima.
Os Jogos Parapan Americanos de Lima, no Peru, chegaram ao fim no último domingo (1º), após 11 dias de competição. Foram 33 países e 1.890 atletas disputando o pódio, em busca da consagração entre os melhores atletas das Américas em 17 modalidades diferentes. O Brasil contou com a maior delegação do certame, com 512 integrantes, sendo 337 atletas de 23 estados mais o Distrito Federal. Contribuindo com o grupo brasileiro estavam os cearenses Francisco Wellington de Melo e David Andrade de Freitas, do Tênis de Mesa; Edenia Nogueira Garcia, na Natação; Maciel de Souza Santos, Bocha; Oara Uchoa Assunção, Basquete; Francisco Jefferson de Lima e Clariene Abreu da Silva, na modalidade de Atletismo; além de Francilídio de Andrade Soares, que esteve na Comissão Técnica brasileira.
Essa edição dos Jogos Parapan Americanos teve um sabor especial para a equipe brasileira, pois além de terminar a competição em primeiro lugar no quadro de medalhas pelo quarto ano consecutivo, os atletas conseguiram chegar a marca de 308 medalhas, entre as quais foram 124 de ouro, 99 de prata e 85 de bronze. Vale ressaltar que nunca nenhum país somou tantas vitórias em uma única edição de Parapan.
Contribuindo com esse importante resultado, os cearenses trouxeram para casa sete medalhas em cinco modalidades distintas: medalha de ouro para o atleta Maciel Santos, na Bocha BC2, e prata com a equipe brasileira de Bocha na categoria BC1/BC2; Medalha de Prata para o cearense David Freitas no Tênis de Mesa por equipes classe 3-5 e Ouro para Francisco Wellington na classe 6-8; Medalha de Bronze para Francisco Jefferson no lançamento de dardo F44; Medalha de Ouro na Natação 50m costas S3 para a cearense Edênia Garcia e medalha de Bronze para a equipe de Basquete que contou com a cearense Oara Uchôa, consagrando também Francilídio Andrade, medalhista como auxiliar técnico.
A secretária Executiva do Esporte, Jade Romero, falou sobre a participação dos atletas na competição. “Todos os atletas cearenses que foram representar o Brasil nesse Parapan orgulharam muito o nosso Estado. Com certeza eles vão continuar trabalhando com todo o apoio que a Secretaria do Esporte e Juventude pode oferecer para que nós os tenhamos representando o Ceará e o Brasil nas Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio 2020 de Tóquio no ano que vem”, declarou Jade na recepção dos atletas no aeroporto de Fortaleza.
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Competição multidesportiva para pessoas com deficiência, os s Jogos Parapan-Americanos são realizados com base nos Jogos Pan-Americanos e acontecem a cada quatro anos.
Clariene Abreu – Natural de Aquiraz, Clariene participa pela primeira vez dos Jogos Parapan-Americanos. Dentre os esportistas cearenses na competição, a atleta é a que tem início de carreira mais recente. Começou em 2016 e, desde então, é destaque em competições regionais e nacionais de Atletismo. Clariene vai representar o Brasil nas provas de salto em distância e 100 metros. “Tenho expectativas muito positivas, é a minha primeira experiência, se Deus quiser vou voltar para casa com medalha”. A atleta de 30 anos contou que após realizar treinos em Fortaleza e em Eusébio vai encarar a experiência no Parapan como um marco em sua vida e não esconde o orgulho em representar o estado em que nasceu. “Um pouco nervosa com tudo que está acontecendo e ao mesmo tempo ansiosa para dar o melhor de mim na hora que eu entrar na pista e olhar para aquela caixa de areia – conta a aquirazense”.

Cearense Edênia Garcia tem Atrofia Fibular Muscular e conquistou seu quinto ouro nos Jogos Parapan.
David Andrade – Competindo no Parapan pela quinta vez, o tenista de mesa tenta conquistar o bicampeonato após medalhar nos últimos jogos, no Canadá. Multicampeão, David compete pela seleção brasileira desde 2009 e tem como principal objetivo a classificação para as Paralimpíadas em Tóquio. “Sabemos que temos adversários fortíssimos, mas o Brasil está entre as maiores potências da América. Eu estou aqui defendendo meu título, na edição passada eu fui campeão mundial em equipes e estamos focados para fazer um bom jogo”.
O competidor realizou a maior parte da preparação no Ceará, revezando treinamentos entre Fortaleza e Juazeiro do Norte. Em Lima, confirma que continua a treinar e está em fase de reconhecimento da área. Apesar da experiência, David Andrade ainda sente dificuldades em financiar a própria carreira por conta dos escassos investimentos destinados ao esporte. Em busca de patrocínios, o atleta tem os gastos com o esporte como maior obstáculo. “As maiores dificuldades não são os meus adversários, é a falta de apoio. Venho lutando desde o início na prática do esporte e, infelizmente, não tem mudado nada. Eu tenho gastado mais tempo correndo atrás de patrocínio do que me dedicando aos treinos”, desabafa o atleta.
Edênia Garcia – A nadadora é, talvez, a mais reconhecida dos representantes cearenses. Nascida em Crateús, Edênia se mudou muito cedo para Fortaleza e ainda morou em Natal e no Rio de Janeiro, antes de se estabelecer no interior paulista. Apesar não ter muitas lembranças da cidade-natal, a paratleta confessa que sente falta de ter mais contato com o estado de origem.
Edênia começou aos 15 anos e já soma quase 20 anos de carreira. Nesta edição do Parapan, vai nadar em três diferentes provas: 50 metros livre, 100 metros livre e 50 metros costas. Confiante, a veterana busca levar a quinta medalha de ouro para casa e fazer ajustes já mirando o mundial em Londres. Mesmo com os vastos anos de carreira, a cearense tem um desafio inédito para esta competição. Após apresentar agravamento da deficiência, Edênia baixou de categoria – da S4 para a S3 – e teve de se adaptar a nova rotina de treinos menos intensos, novas adversárias e novo cenário no esporte. “Minha deficiência está piorando, para minha qualidade de vida não é legal, mas no esporte paralímpico, quando a gente cai, algumas coisas podem melhorar ou não. Me sinto mais competitiva e em pé de igualdade com as outras atletas”.
A sensação de Edênia foi de ter conhecido o esporte paraolímpico outra vez. Entretanto, a competidora confirma que tem se adaptado bem à categoria com a ajuda preciosa do novo treinador Fabiano Quirino. Com tamanha força de vontade, as perspectivas de aposentadoria certamente estão mais distantes do que a próxima conquista da atleta.

Francisco Wellington de Melo conquistou a medalha de ouro na classe 6-8 do tênis de mesa.
Francisco Jefferson de Lima – Junto de Clariene, Francisco Jefferson de Lima representa o Ceará no Atletismo. Natural de Pindoretama, o jovem de 27 anos compete na prova de lançamento de dardos pela segunda vez nos Jogos Parapan-Americanos. “Vou dar meu melhor para representar o Brasil. Treinei bastante para estar aqui com toda a equipe. Estou em busca do meu bicampeonato”.
Medalhista em 2011 nos Jogos de Guadalajara, no México, Jefferson mira a segunda conquista com rotina diária de treinos pela manhã e pela tarde alternando-se em atividades na academia, treinamentos físicos e trabalhos técnicos. Em Lima, o atleta se adapta à mudança de clima. Para quem estava acostumado com o calor pindoretamense, 17ºC tem sido difícil de aguentar. “A gente que é do Nordeste é acostumado com o calor, mas o frio daqui é muito grande”, comenta. Francisco Jefferson é um dos atletas de alto rendimento beneficiados por incentivos da Secretaria do Esporte e Juventude (Sejuv) do Governo do Estado do Ceará.
Francisco Wellington de Melo – Auxiliar administrativo em uma empresa de transportes há 11 anos, Francisco divide rotina intensa entre trabalho e treinos. Representante do Tênis de Mesa, o atleta tem duas participações em Parapan no retrospecto – em 2007, no Rio, e em 2011, em Guadalajara.
Sobre a última experiência na competição, o cearense não tem boas recordações. Quase conseguia a classificação para as Paralímpiadas, mas o “quase” é o calo na memória do tenista de mesa. Na época, disputou a semifinal da competição e chegou a vencer o primeiro set, mas o fator psicológico o fez apagar no restante do jogo. “Foi a chance mais real que eu tive de jogar uma Olimpíada. Agora estou mais tranquilo, mais veterano. Com 38 anos, não vou como principal, vou como 5ª cabeça de chave. Esse ano eu estou mais relaxado, vim aqui para me divertir. Talvez seja meu último Parapan-Americano, ainda não sei, vou pensar no assunto”.
O competidor conta que o maior desafio da carreira foi conseguir se classificar para o Parapan 2019, nas seletivas do ano passado. Foram 15 competições, ele jogou apenas 8, mas a fé e o talento se sobressaíram. Se dependesse dele, faria o sacrifício todo de novo por uma chance para brilhar nos Jogos. “Muita gente gastou muito dinheiro para ir. Eu fiz sacrifício, fui de ônibus para vários lugares. Graças a Deus, dessas oito competições, eu ganhei as oito. Com a soma dos pontos, fiquei em primeiro lugar geral”, conta Francisco. Wellington bateu o adversário na estreia nesta quinta-feira (22).

Atleta mais experiente da seleção brasileira, aos 33 anos, Maciel Santos conquistou a medalha de ouro na Bocha BC2.
Maciel Santos – Atleta de Bocha, esporte que consiste em lançar bolas o mais perto possível de um bolim (bola menor previamente lançada), Maciel é hoje, aos 33 anos, o atleta mais experiente da seleção brasileira. Conheceu o esporte por meio de um amigo, começou a competir aos 15 anos, e já se sagrou campeão paralímpico, em Londres, e pan-americano, em Toronto. Ainda tem no currículo 14 títulos brasileiros e é o terceiro colocado no ranking mundial. “Tava começando um esporte novo no Brasil e era um esporte para paralisado cerebral. Me encantou desde o primeiro momento”.
Maciel nasceu em Crateús, mas conta que se mudou com os pais para São Paulo ainda na infância à procura de novos tratamentos fisioterápicos e de melhores condições de vida. No começo da carreira, o jogador de Bocha tinha todos os custos praticamente bancado pelos pais, mas após se firmar na modalidade, conseguiu ser beneficiário de bolsas concedidas pelo Governo Federal e Governo de Estado de São Paulo à atletas de alto rendimento.
O desportista integra a última delegação brasileira à embarcar para a cidade peruana. Maciel viaja nesta sexta-feira (23), às 5 horas da manhã. Apesar de contar com apenas cinco dias para se adaptar, o atleta considera que se acostumar com a altitude do local dos jogos não será um processo dificultoso.
Oara Uchôa – Pivô da seleção brasileira feminina de basquete em cadeira de Rodas, Oara tem empolgação de sobra para sua primeira participação nos Jogos Parapan-Americanos e é a única cearense a representar um clube do estado – fechou parceria com o Fortaleza em início de agosto. “Minhas expectativas são as melhores possíveis. É meu primeiro Parapan, impossível não ter ansiedade, mas tô bem tranquila”.

Pivô da seleção brasileira feminina de basquete em cadeira de rodas, Oara Uchôa conquistou medalha de bronze.
Antes de desembarcar em Lima, Oara teve de superar a falta de apoio e bancar do próprio bolso os custos com treinamento e deslocamento. A jogadora conta que precisava pegar três ônibus para ir de casa até a Barra do Ceará, bairro onde treina. Todavia, passadas as dificuldades na terra natal, Oara já mira os desafios em território peruano. As principais adversidades são o frio e as adversárias mais periogosas – a seleção dos Estados Unidos. Potência mundial, as norte-americanas ostentam o domínio na modalidade, mas não assustarão as brasileiras em quadra. “A gente não vai baixar a guarda para eles não. A gente vai bater de frente. Mesmo sabendo que eles têm mais estrutura, mas estamos de cabeça erguida e viemos para ser campeãs”, afirma Oara.
* Compilação das matérias da Assessoria de Comunicação da Secretaria do Esporte e Juventude (Sejuv) do Governo do Estado do Ceará e do repórter Davi César, do portal G1
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